por Gabí Pumtel
acabo de desfazer minhas malas dos dias em que estive com a expedición donde miras, nas primeiras cidades rumo a Botucatu.
Documentação: Maria da Penha
cada peça de roupa tirada da mochila traz agora novos significados... lembram as estradas em que passamos, lembram placas de município, paisagens outras...
tiro o meu-diário-de-bordo meio -livro meio-agenda meio-de-transporte ( minhas anotações não pagam pedágio por atravessar de uma cidade a outra numa velocidade rápida...como eu gostaria que o meu passo fosse assim.)
retiro da bolsa meus últimos objetos...uma tampa de caneta preta, um rolo de barbante, uma sola de sapato descompassada...
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Só me dei conta do ritmo de meu caminhar depois de observá-lo na estrada de terra e de asfalto e de compará-lo aos passos de outros dondemirantes ( assim que nos chamamos nesta expedición)
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desacelero minha respiração, tentando colocá-la na mesma frequência, meu caminhar
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percebi ao chegar em São Paulo que as pessoas com quem convivo, pouco percebem seu caminhar, notei também que aqui olhamos pouco pro céu...miramos muito para os pés. (deve ser coisa de cidade grande...a falta de espaço)
deve ser por isso que o céu de Pirapora do Bom Jesus era tão bonito!
Deve ser por isso que pela segunda-primeira vez pude notar com cuidado e tempo que o céu tem desenhos, que os desenhos tem nome tamanho intensidade...conheci a ursa menor, a maior ( embora Peu disse não ser possível visualizar a olho nu), Sagitário ( ou pelo menos a gente gostava de acreditar que aquilo no céu estrelado era uma flecha apontando pra outro lugar, tão vertical, tão certeira!) , acreditei ter visto neste céu outros desenhos sem nome, como se estivesse formando, aos poucos, orgânico...como a caminhada Donde Miras, como o grupo de dondemirantes.
Continuamos com os passos na estrada, e eu sinto ter retornado tão cedo, mas eu volto...ah se volto!
Foto : Suzi
desta vez a passos largos.